segunda-feira, 23 de maio de 2016

MONTE ALEGRE: MAIS DE 3 MIL PESSOAS VIVEM EM ÁREAS DE RISCO

 
 Com relevo acidentado e solo arenoso, a cidade apresenta várias áreas de risco, especialmente nas encostas de serra e áreas de ocupação irregular

 Segundo a Defesa Civil Municipal de Monte Alegre, no Oeste do Pará, pelo menos 3.400 pessoas vivem em áreas de risco na sede do município, o que corresponde a 840 famílias, todas expostas a riscos no caso de acidentes naturais.

O levantamento não é recente, mas de 2012, elaborado pela Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM), a pedido da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, órgão ligado ao Ministério da Integração Nacional. A maioria das famílias incluídas no relatório da CPRM mora nos bairros Serra Oriental, Serra Ocidental, Papagaio, Curintanfã, Camarazinho e Turu, além de Curaxi I e Curaxi II.

Monte Alegre virou manchete na imprensa regional e nacional depois que forte chuva, no dia 2 de maio, desabou sobre a cidade, causando danos materiais a famílias e prejuízos ao poder público. Por conta disso, o município está em situação de emergência desde o dia 4 de maio. Hoje, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, visitou a cidade para conhecer as consequências da chuva e anunciar socorro às famílias e ao município. Técnicos da Defessa Civil do Estado também já estiveram na cidade, especialmente para orientar e apoiar as ações dos técnicos da defesa civil locais.
Desmatamento e ocupações irregulares causam queda de barreiras na orla da cidade, expondo ao risco centenas de famílias

Erosões - O acidente mais comum na cidade de Monte Alegre são as ocorrências de fortes erosões decorrentes de intensas chuvas que caem sobre o município, especialmente no período final do inverno. As erosões causam grande deslocamento de areia e quedas de barreira nas encostas de serra que dominam a orla fluvial da cidade.

“Nos últimos anos, por conta das chuvas e erosões, imóveis foram destruídos total ou parcialmente, ao mesmo tempo em que a areia arrastada aterra áreas mais baixas”, relatou o coordenador municipal da Defesa Civil, Cleomar Araújo de Oliveira.

“A cidade está instalada sobre um terreno com topografia acidentada e solo predominantemente arenoso, o que torna as erosões de origem pluvial uma ameaça constante, exatamente nos períodos invernosos”, explicou o prefeito Arinos de Brito Chaves. Segundo o prefeito, somente a construção de redes de drenagem e de pavimentação nas vias públicas podem evitar esses acidentes.
O prefeito Arinos Brito quer recursos para construir 840 casas populares para poder remanejar famílias que habitam áreas de risco

O maior exemplo disso, segundo ele, é a voçoroca do Curaxi, uma enorme vala que se abriu com a força das erosões nesse bairro localizado na região leste da cidade. O buraco tem 1.360 metros de extensão, com 18 metros em seu ponto mais profundo, mas parou de crescer depois de intervenções da prefeitura local. “Mas essa voçoroca ainda representa risco para muitos moradores locais”, garantiu o coordenador da Defesa Civil local.

Pajuçara – Além das áreas de risco já identificadas pela CPRM, outras locais igualmente atacados pela erosão pluvial preocupam a população e autoridades locais. É o que acontece no bairro de Pajuçara, no lado norte da cidade, em franco crescimento populacional por conta de ocupações desordenadas.

Neste bairro, a água das chuvas desce por ruas que apresentam declive acentuado e sem rede de drenagem, causando erosões violentas. Foi neste bairro que três casas foram destruídas pela erosão e ameaçou outras 50, na manhã do dia 2 de maio, principalmente nas ruas Dezessete de outubro, Laila Bechara, Manoel Cayres e João de Freitas. O ministro da Integração Nacional Helder Barbalho visitou esses locais, hoje, ao visitar a cidade e conhecer os locais e famílias atingidos.

No Pajuçara, obras preventivas não conseguiram evitar os danos causados pelas erosões. No bairro, casas foram destruídas, outras danificadas
Nas encostas de serra, houve queda de barreira e erosões verticais, causadas principalmente pela ocupação desordenada e pelo desmatamento.

Casas populares – Nesta segunda-feira, durante a visita do ministro Helder Barbalho à cidade, o prefeito Arinos de Brito Chaves pediu apoio do governo federal para a construção de 840 casas populares, através do programa Minha Casa Minha Vida. Ele também reivindicou recursos para a construção de obras de infraestrutura, justamente para evitar as erosões.

“Esse cenário de destruição e medo se repete a cada ano, expondo essas famílias ao risco de morte ou perdas materiais, justamente porque habitam em áreas de risco”, explicou o prefeito. “Com casas novas e seguras longe de áreas de risco, deixaremos de reviver essas tragédias”, afirmou o prefeito, justificando a necessidade de remanejamento das famílias hoje expostas aos acidentes.

O ministro prometeu juntar forças dos dois ministérios – Cidades, que controla o programa de casas populares, e Integração Nacional – para buscar os recursos que viabilizem as propostas apresentadas pelo prefeito municipal.

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