segunda-feira, 18 de junho de 2012

RIO+20: NEGOCIAÇÕES DE ARRASTAM E VOLTA O FANTASMA DE COPENHAGUE

Líderes mundiais temem o fantasma de Copenhague, a Cúpula do Clima de 2009, quando as negociações foram entregues aos chefes de estado e acabou fracassada

O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, negociador-chefe da delegação brasileira na conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, afirmou que não concederá tempo extra para as negociações que definirão o texto final da Rio+20, que devem ser concluídas na madrugada desta terça-feira. Ao fazer uma analogia com uma partida de futebol, Machado afirmou que o tempo regulamentar para se chegar a um consenso terminou na sexta-feira, quando se encerrou o Comitê Preparatório da ONU. "Estamos na prorrogação e ela nunca tem um tempo mais longo do que o jogo propriamente dito. Há um limite. Nós temos que fechar o texto antes da chegada de chefes de estado e é para isso que estamos trabalhando", disse.

Apesar do otimismo demonstrado, Machado não deu detalhes sobre os pontos até agora acordados. Segundo ele, o texto está avançando e os obstáculos estão sendo vencidos. No entanto, foi evasivo ao responder perguntas sobre temas chave para o documento final, como os meios de implementação, que trata sobre as formas de financiamento dos acordos alcançados na conferência, e a questão da preservação dos oceanos.

Entraves - Sobre a reforma do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o embaixador limitou-se a repetir que o texto sob análise continua sendo o apresentado pelo Brasil no sábado. A sugestão não trata da criação de uma nova agência, mas fortalece o programa e permite a sua atualização no futuro — o que, na prática, abre espaço para uma futura elevação do PNUMA à condição de agência especializada. 



O FANTASMA DE COPENHAGUE RONDA A CÚPULA

As negociações envolvendo mais de 190 países na conferência da ONU, a Rio+20, devem arrastar-se noite adentro e já se aproximam perigosamente da data de chegada dos chefes de estado para a alta cúpula da conferência, que começa na quarta-feira.

O Brasil, que comanda as negociações, se propôs a fechar um acordo ainda hoje, antes que os 130 chefes de Estado e de Governo comecem a chegar na terça-feira, mas as delegações informavam que as longas reuniões vão se estender. 

"É um momento muito complicado", diz a chefe da delegação da Venezuela, Claudia Salerno. "Ainda há temas muito complexos sobre a mesa." De acordo com ela, os países querem evitar a todo custo o fantasma de Copenhague, a Cúpula do Clima de 2009, quando as negociações foram entregues aos chefes de estado e acabou fracassada.

Ambições - A Europa já deixou claro que o rascunho do acordo proposto pelo Brasil não tem a ambição necessária. "Ainda consideramos que há uma importante margem para melhoras. Queremos usar cada hora, cada minuto, nos próximos dias", disse o ministro alemão do Meio Ambiente, Peter Altmaier.

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