quinta-feira, 25 de março de 2010

AQUÍFERO GUARANI: O QUE VOCÊ SABE SOBRE ELE?

O planeta celebrou, na segunda-feira passada, o Dia Mundial da Água. Muito se escreveu e se falou sobre a importância do tão precioso líquido pAra a saúde e a própria sobrevivência do homem no planeta. Diz-se, até, que a água será o motivo das próximas guerras mundiais ou que, hoje, mega navios já roubam água doce do leito do rio Amazonas.

Pouco se falou, pelo menos nas fontes onde bebi naquele e dias anteriores, das reservas subterrâneas de água doce. O aquífero Guarani é o maior manancial do mundo. Conheça um pouco mais sobre essa riqueza natural localizada no subsolo do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina. O texto foi ublicado na edição de maço da National Geographic.


ÁGUA, O MUNDO TEM SEDE
Aquífero Guarani: a maior reserva subterrânea de água doce do mundo

Imagine uma caixa-d’água. Coloque dentro dela areia. A água vai preencher os poros entre os grãos. Cubra com concreto, deixando livres as bordas. Geologicamente, essa poderia ser uma simplificação do aquífero Guarani, o imenso reservatório de água subterrânea que se estende por mais de um milhão de quilômetros quadrados pelas fronteiras do Mercosul, antiga área ocupada pelo povo guarani e que hoje abrange os territórios brasileiro, argentino, uruguaio e paraguaio.

Coberto por uma gigantesca estrutura de basalto sobre uma espessa camada de areia, o Guarani contém cerca de 33 mil quilômetros cúbicos de água, dos quais hoje poderiam ser explorados 6% desse total. É um conjunto de rocha arenítica saturado de água – e não um rio subterrâneo, como muita gente imagina. Essas rochas basálticas são extremamente férteis, e sobre o aquífero vivem cerca de 30 milhões de pessoas, com solo de alta produtividade agrícola. De 2 054 poços que atingem diretamente o Guarani, estima-se que seja extraído 1,04 quilômetro cúbico de água por ano – valor igual ao da recarga das águas.

O aquífero não é um rio que corre sob a terra, mas uma camada arenosa, formada geologicamente ao longo de milhares de anos, que armazena água e permite o movimento dela pelos poros e fraturas existentes. Nas margens, ele possui zonas de afloramento, em que ocorrem a recarga e a descarga de água em seu interior – um movimento mapeado recentemente. Nesses locais, a exploração comercial da água é mais viável.

Toda a área do Guarani é caracterizada pela alta produtividade agrícola. O sedimento do basalto é conhecido como a fértil terra roxa. Nas margens de afloramento, a facilidade para se captar água incentiva a irrigação.

Onde agora é água, um dia foi deserto. Movimentos tectônicos criaram uma área de baixada, em que se acumulou areia de erosão. Quando o basalto vulcânico cobriu essa área, a água ficou confinada. Em alguns locais, o aquífero pode estar a mil metros abaixo do solo.

Nas áreas em que ocorre o confinamento, o movimento da água é lento. Além disso, uma recente pesquisa, sob a coordenação da Organização dos Estados Americanos (OEA), feita em conjunto com os países que cobrem o Guarani, mostrou que existem barreiras ao fluxo, assim como há áreas nas quais a taxa de permeabilidade é baixa. Ou seja, existem diversas sub-regiões confinadas e isoladas entre si na área do aquífero. “Os estudos mostraram que o Guarani, na verdade, é feito de vários reservatórios separados por barreiras geotectônicas com características distintas entre si”, explica o consultor Luiz Amore, secretário-geral do programa da OEA. Em termos políticos, a informação é relevante para a gestão internacional do uso das águas. “Logo, o que se faz em uma parte não vai necessariamente afetar a outra e, eventualmente, outros países. É necessário redefinir o conceito de recurso transfronteiriço em águas subterrâneas”, afirma.

Quatro países dividem a área do aquífero tentam estabelecer um plano de gestão, o qual esbarra não só nas legislações internas mas também na falta desconhecimento da dinâmica do próprio Guarani. Sob a égide da Organização dos Estados Americanos (OEA), tentam criar uma legislação internacional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa a matéria.
É importante que as pessoas saibam do papel delas no mundo, de fazer as coisas certas para as gerações futuras poderem viver com saúde.
Está em nossas mãos, vocês entendem isso?